quarta-feira, 14 de abril de 2010

Para os gulosos da proficiência e os interessados em geral!!


BRIGADEIRO: gostinho de Brasil!

Segundo Juliana Motter, o brigadeiro é um doce genuinamente brasileiro. Surgiu na década de 1940, na campanha eleitoral do Brigadeiro Eduardo Gomes, candidato à presidência da República. Sem nome na época, o doce de chocolate era coberto por uma fina camada de açúcar e acabou sendo batizado com o nome da condecoração do candidato. Veja uma receita clássica:


Brigadeiro tradicional
Rende: 30 brigadeiros

Ingredientes

:: 1 lata de leite condensado
:: 4 colheres (sopa) de chocolate em pó (ou 8 colheres de raspas do seu chocolate favorito)
:: 1 colher (sopa) de manteiga extra sem sal
:: raspas de chocolate para confeitar

Modo de fazer

Abra a lata de leite condensado e despeje na panela. Acrescente o chocolate em pó (ou as raspas de chocolate), misture bem, junte a manteiga e leve ao fogo baixo, mexendo sempre até que a massa desgrude do fundo da panela. Quando estiver no ponto, retire da panela e transfira para um recipiente de louça untado com manteiga. Deixe esfriar, molde as bolinhas, passe-as em raspas de chocolate ao leite ou meio-amargo e acomode-as nas clássicas forminhas de papel plissado.


Bolo brigadeiro

Rende: 8 porções

Ingredientes

:: 2 xícaras (chá) de farinha de trigo
:: 2 xícaras (chá) de açúcar
:: 1 xícara (chá) de chocolate em pó
:: 1 colher (sopa) de fermento em pó
:: 1 pitada de sal
:: 3 ovos
:: 1 xícara (chá) de manteiga sem sal
:: 1 xícara (chá) de água fervente

Ingredientes da cobertura

:: 2 receitas de brigadeiro (preparadas conforme instruções abaixo)
:: raspas de chocolate (para confeitar)
:: 1 lata de creme de leite

Modo de fazer
Em uma vasilha grande, de metal ou louça, coloque os ingredientes secos do bolo: a farinha de trigo, o açúcar, o chocolate em pó, o fermento em pó e o sal. Faça um buraco no meio e junte os ingredientes líquidos (ou quase): os ovos, a manteiga derretida e a água. Bata imediatamente na batedeira (para não cozinhar os ovos) até a massa ficar bem homogênea (aproximadamente 5 minutos, na velocidade máxima). Despeje-a em uma forma untada com manteiga e enfarinhada, assando em forno médio (180 graus), preaquecido, por 35 minutos ou até que o bolo esteja assado. Teste com o palito. Prepare a cobertura: faça o brigadeiro e, quando estiver no ponto, acrescente a lata de creme de leite e continue mexendo por mais 5 minutos. Apague o fogo. Corte a massa do bolo ao meio, no sentido horizontal, recheie e cubra com o brigadeiro morno e decore com as raspas de chocolate.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Rio de Janeiro: uma prece...


Independentemente de nossa fé, de nossas crenças, quero deixar aqui, em forma de música, uma homenagem a todos os cariocas que estão sofrendo com as chuvas e os desabamentos no Rio de Janeiro... Conheçam a letra e a música "Ave Maria no morro", composta por Herivelto Martins em 1942 e que se tornou o maior sucesso do grupo Trio de Ouro, na voz de Dalva de Oliveira, uma das maiores cantoras brasileiras do século XX.




Ave Maria do Morro

Herivelto Martins

Canta: Dalva de Oliveira


Barracão de zinco
Sem telhado, sem pintura
Lá no morro
Barracão é bangalô...

Lá não existe
Felicidade de arranha-céu
Pois quem mora lá no morro
Já vive pertinho do céu...

Tem alvorada, tem passarada
Ao alvorecer...
Sinfonia de pardais
Anunciando o anoitecer...

E o morro inteiro no fim do dia
Reza uma prece, Ave Maria!
E o morro inteiro no fim do dia
Reza uma prece, Ave Maria!

Ave Maria!


Se quiser ouvir a canção, interpretada por Caetano Veloso e João Gilberto, clique em: http://www.youtube.com/watch?v=W1pelCixL2o

domingo, 11 de abril de 2010

Gramática: Jogo de ortografia


Quer se divertir um pouco e ver o quanto você sabe
da ortografia da língua portuguesa?
Clique em: http://www.soportugues.com.br/secoes/jogos.php#
e jogue o "Descubra as erradas".
Bom divertimento!

BAFICI - Cinema Brasileiro




Quer conhecer a programação de cinema brasileiro
no BAFICI 2010?



Clique em: http://www.casadobrasil.com.ar/pop_bafici.htm

História: Jesuítas no Brasil



Jesuítas - Saga tropical
Manuscritos do Arquivo Nacional detalham aatuação da Companhia de Jesus no Brasil

A importância dos jesuítas nos três primeiros séculos da História do Brasil é de tal dimensão que aos padres da ordem fundada por Santo Inácio de Loiola poderia ser dado o título de "construtores de império" — um império tropical onde encontraram a glória e a desgraça. Peças-chave na expansão ultramarina de Portugal no século XVI, eles chegaram ao país em 1549 — no minúsculo grupo que incluía o padre Manuel da Nóbrega —, meteram-se em boa parte do território nacional, enfrentaram a amargura da expulsão por motivos políticos, voltaram com força menor e foram imortalizados em ilustrações de gosto duvidoso, sempre a catequizar hordas de índios. Documentos encontrados por pesquisadores do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, mostram uma faceta mais cotidiana da saga jesuítica em terras brasileiras. Ao ordenar todo o acervo que cobre o período colonial brasileiro, historiadores encontraram manuscritos que detalham a convivência dos membros da Companhia de Jesus com os índios, com outras ordens religiosas e com as autoridades portuguesas durante quase 300 anos. Acreditava-se que boa parte desse pacote havia voltado para Portugal junto com a corte de dom João VI e o acervo da Biblioteca Real, em 1821.
No auge da influência da Companhia de Jesus, a troca de correspondências entre burocratas da colônia e do império mostra a extensão da autoridade dos jesuítas. "São sempre os primeiros a que costumam recorrer nas dificuldades e perigos os meus governantes e capitães", relata o escrivão da Fazenda João Dias da Costa, em 23 de março de 1664, ano em que o prodigioso padre Antônio Vieira tinha sob sua jurisdição 52 aldeias indígenas. A documentação mais extensa, no entanto, é a que retrata a perseguição política contra os religiosos. Está no Arquivo Nacional o processo que acusa os marqueses de Távora de atentar contra a vida de dom José I, rei de Portugal, em 1758. No mesmo complô foi envolvido um grupo de jesuítas — pretexto usado para a expulsão da Companhia de Jesus dos domínios portugueses, decretada pelo marquês de Pombal, um primeiro-ministro resolvido a implodir o poder das ordens religiosas. A partir de 1759, quando é determinada a expulsão, a campanha vira caça às bruxas. Num dos documentos, o próprio Pombal avisa que os jesuítas se estariam disfarçando com hábitos de outras ordens para continuar no Brasil. Há ainda documentos que tratam de confisco dos bens, como a Fazenda Nacional de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, uma das maiores propriedades da Companhia de Jesus no país. Nessa leva de manuscritos, o termo 'jesuitismo" começa a aparecer como sinônimo de 'dissimulação", como está até hoje no Aurélio. Documentos como esses, descobertos em meio a volumes empoeirados, não mudam a História do Brasil colônia, mas mostram que uma parte dela ainda pode estar perdida nos acervos brasileiros.


sábado, 10 de abril de 2010

Cultura brasileira: O povo brasileiro


Quer ler um resumo e comentário sobre o livro "O povo brasileiro", do

sociólogo Darcy Ribeiro?

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Literatura/História: Inconfidência Mineira


Inconfidência Mineira

No século XVIII, a ascensão da economia mineradora trouxe um intenso processo de criação de centros urbanos pela colônia acompanhada pela formação de camadas sociais intermediárias. Os filhos das elites mineradoras, buscando concluir sua formação educacional, eram enviados para os principais centros universitários europeus. Nessa época, os ideais de igualdade e liberdade do pensamento iluminista espalhavam-se nos meios intelectuais da Europa.
Na segunda metade do século XVIII, a economia mineradora dava seus primeiros sinais claros de enfraquecimento. O problema do contrabando, o escasseamento das reservas auríferas e a profunda dependência econômica fizeram com que Portugal aumentasse os impostos e a fiscalização sobre as atividades empreendidas na colônia. Entre outras medidas, as cem arrobas de ouro anuais configuravam uma nova modalidade de cobrança que tentava garantir os lucros lusitanos.
No entanto, com o progressivo desaparecimento das regiões auríferas, os colonos tinham grandes dificuldades em cumprir a exigência estabelecida. Portugal, inconformado com a diminuição dos lucros, resolveu empreender um novo imposto: a derrama. Sua cobrança serviria para complementar os valores das dívidas que os mineradores acumulavam junto à Coroa. Sua arrecadação era feita pelo confisco de bens e propriedades que pudessem ser de interesse da Coroa.
Esse imposto era extremamente impopular, pois muitos colonos consideravam sua prática extremamente abusiva. Com isso, as elites intelectuais e econômicas da economia mineradora, influenciadas pelo iluminismo, começaram a se articular em oposição à dominação portuguesa. No ano de 1789, um grupo de poetas, profissionais liberais, mineradores e fazendeiros tramavam tomar controle de Minas Gerais. O plano seria colocado em prática em fevereiro de 1789, data marcada para a cobrança da derrama.
Aproveitando da agitação contra a cobrança do imposto, os inconfidentes contaram com a mobilização popular para alcançarem seus objetivos. Entre os inconfidentes estavam poetas como Claudio Manoel da Costa e Tomas Antonio Gonzaga; os padres Carlos Correia de Toledo, o coronel Joaquim Silvério dos Reis; e o alferes Tiradentes, um dos poucos participantes de origem popular dessa rebelião. Eles iriam proclamar a independência e a proclamação de uma república na região de Minas.
Com a aproximação da cobrança metropolitana, as reuniões e expectativas em torno da inconfidência tornavam-se cada vez mais intensas. Chegada a data da derrama, sua cobrança fora revogada pelas autoridades lusitanas. Nesse meio tempo, as autoridades metropolitanas estabeleceram um inquérito para apurar uma denúncia sobre a insurreição na região de Minas. Através da delação de Joaquim Silvério dos Reis, que denunciou seus companheiros pelo perdão de suas dívidas, várias pessoas foram presas pelas autoridades de Portugal.
Tratando-se de um movimento composto por influentes integrantes das elites, alguns poucos denunciados foram condenados à prisão e ao degredo na África. O único a assumir as responsabilidades pela trama foi Tiradentes. Para reprimir outras possíveis revoltas, Portugal decretou o enforcamento e o esquartejamento do inconfidente de origem menos abastada. Seu corpo foi exposto nas vias que davam acesso a Minas Gerais. Era o fim da Inconfidência Mineira.
Mesmo tendo caráter separatista, os inconfidentes impunham limites ao seu projeto. Não pretendiam dar fim à escravidão africana e não possuíam algum tipo de ideal que lutasse pela independência da “nação brasileira”. Dessa forma, podemos ver que a inconfidência foi um movimento restrito e incapaz de articular algum tipo de mobilização que definitivamente desse fim à exploração colonial lusitana.

Por Rainer Sousa - Equipe Brasil Escola
Fonte: http://www.brasilescola.com/historiab/inconfidencia-mineira.htm

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Literatura Brasileira: Gregório de Matos


Epílogos
Gregório de Matos


Que falta nesta cidade?................Verdade
Que mais por sua desonra?...........Honra
Falta mais que se lhe ponha..........Vergonha.

O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
numa cidade, onde falta
Verdade, Honra, Vergonha.

Quem a pôs neste socrócio?..........Negócio
Quem causa tal perdição?.............Ambição
E o maior desta loucura?...............Usura.

Notável desventura
de um povo néscio, e sandeu,
que não sabe, que o perdeu
Negócio, Ambição, Usura.

Quais são os seus doces objetos?....Pretos
Tem outros bens mais maciços?.....Mestiços
Quais destes lhe são mais gratos?...Mulatos.

Dou ao demo os insensatos,
dou ao demo a gente asnal,
que estima por cabedal
Pretos, Mestiços, Mulatos.

Quem faz os círios mesquinhos?...Meirinhos
Quem faz as farinhas tardas?.........Guardas
Quem as tem nos aposentos?.........Sargentos.

Os círios lá vêm aos centos,
e a terra fica esfaimando,
porque os vão atravessando
Meirinhos, Guardas, Sargentos.

E que justiça a resguarda?.............Bastarda
É grátis distribuída?......................Vendida
Que tem, que a todos assusta?.......Injusta.
Valha-nos Deus, o que custa,
o que El-Rei nos dá de graça,
que anda a justiça na praça
Bastarda, Vendida, Injusta.

Que vai pela clerezia?..................Simonia
E pelos membros da Igreja?..........Inveja
Cuidei, que mais se lhe punha?.....Unha.

Sazonada caramunha!
enfim que na Santa Sé
o que se pratica, é
Simonia, Inveja, Unha.

E nos frades há manqueiras?.........Freiras
Em que ocupam os serões?............Sermões
Não se ocupam em disputas?.........Putas.

Com palavras dissolutas
me concluís na verdade,
que as lidas todas de um Frade
são Freiras, Sermões, e Putas.

O açúcar já se acabou?..................Baixou
E o dinheiro se extinguiu?.............Subiu
Logo já convalesceu?.....................Morreu.

À Bahia aconteceu
o que a um doente acontece,
cai na cama, o mal lhe cresce,
Baixou, Subiu, e Morreu.

A Câmara não acode?...................Não pode
Pois não tem todo o poder?...........Não quer
É que o governo a convence?........Não vence.

Que haverá que tal pense,
que uma Câmara tão nobre
por ver-se mísera, e pobre
Não pode, não quer, não vence.

Literatura / Cultura brasileira: Carta do Descobrimento


Resumo
A Carta Do Descobrimento
(Pero Vaz de Caminha)

A carta que Pero Vaz de Caminha escreveu para D. Manuel, o rei de Portugal na época do descobrimento do Brasil, relata com detalhes a chegada dos portugueses no Brasil, como foram os primeiros contatos destes com os indígenas e, a partir desta carta, podemos perceber as intenções portuguesas quanto à nova terra e, o que seria dela depois de então. A partida frota portuguesa de Belém- Portugal ocorreu no dia 9 de março, a chegada às canárias no dia 14 do mesmo mês, e no dia 22 chegaram à ilha de São Nicolau. No dia 21 de abril, toparam com sinais de terra, o que eles chamam de botelho, espécie ervas compridas. No dia seguinte, houveram vista de terra, que foi chamada de Terra De Vera Cruz, a qual tinha um monte alto, que recebeu o nome de o Monte Pascoal. Avistaram os primeiros habitantes da terra, os quais eram, de acordo com a descrição de Caminha, pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e narizes, nus, traziam arcos e setas, o beiço de baixo furado com um osso metido nele, cabelos corredios e corpos pintados. Com eles tentaram estabelecer um primeiro contato, o que foi uma surpresa, pois um deles começou a apontar para o colar de ouro do capitão da frota e, em seguida, para a terra, como se quisesse dizer que naquela terra havia ouro. A mesma coisa ocorreu com o castiçal de prata e o papagaio. Ao verem coisas que não conheciam, faziam sinais, dando-se a entender que queriam propor uma troca. Conclui-se então, que desta forma começou a troca de ouro, prata e madeira, pôr quinquilharias vindas da Europa. Os portugueses traziam os indígenas para as embarcações, a fim de estabelecer um melhor contato com os indígenas. No início, eles mostraram-se muito esquivos, mas com o passar dos dias, passaram a conviver mais com os portugueses e, até mesmo, à ajudá-los no que precisavam e levá-los às suas aldeias. Os portugueses realizaram uma missa, construíram uma enorme cruz. Tudo para mostrar aos nativos a acatamento que tinham pela cruz, ou melhor, pela religião. Desde já, possuíam a vontade de convertê-los à igreja, tendo em vista, sua inocência, já que faziam tudo o que os portugueses faziam ou mandavam... A intenção de dominá-los é facilmente observada na seguinte passagem : "Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente."

quarta-feira, 7 de abril de 2010



Proficiência:
Feijoada à Minha Moda
Vinicius de Moraes


Amiga Helena Sangirardi
Conforme um dia prometi
Onde, confesso que esqueci
E embora — perdoe — tão tarde


(Melhor do que nunca!) este poeta
Segundo manda a boa ética
Envia-lhe a receita (poética)
De sua feijoada completa.

Em atenção ao adiantado
Da hora em que abrimos o olho
O feijão deve, já catado
Nos esperar, feliz, de molho

E a cozinheira, por respeito
À nossa mestria na arte
Já deve ter tacado peito
E preparado e posto à parte

Os elementos componentes
De um saboroso refogado
Tais: cebolas, tomates, dentes
De alho — e o que mais for azado


Tudo picado desde cedo
De feição a sempre evitar
Qualquer contato mais... vulgar
Às nossas nobres mãos de aedo.

Enquanto nós, a dar uns toques
No que não nos seja a contento
Vigiaremos o cozimento
Tomando o nosso uísque on the rocks
Uma vez cozido o feijão
(Umas quatro horas, fogo médio)
Nós, bocejando o nosso tédio
Nos chegaremos ao fogão

E em elegante curvatura:
Um pé adiante e o braço às costas
Provaremos a rica negrura
Por onde devem boiar postas

De carne-seca suculenta
Gordos paios, médio toucinho
(Nunca orelhas de bacorinho
Que a tornam em excesso opulenta!)

E — atenção! — segredo modesto
Mas meu, no tocante à feijoada:
Uma língua fresca pelada
Posta a cozer com todo o resto.

Feito o quê, retire-se o caroço
Bastante, que bem amassado
Junta-se ao belo refogado
De modo a ter-se um molho grosso

Que vai de volta ao caldeirão
No qual o poeta, em bom agouro
Deve esparzir folhas de louro
Com um gesto clássico e pagão.

Inútil dizer que, entrementes
Em chama à parte desta liça
Devem fritar, todas contentes
Lindas rodelas de linguiça

Enquanto ao lado, em fogo brando
Dismilinguindo-se de gozo
Deve também se estar fritando
O torresminho delicioso

Em cuja gordura, de resto
(Melhor gordura nunca houve!)
Deve depois frigir a couve
Picada, em fogo alegre e presto.

Uma farofa? — tem seus dias...
Porém que seja na manteiga!
A laranja gelada, em fatias
(Seleta ou da Bahia) — e chega

Só na última cozedura
Para levar à mesa, deixa-se
Cair um pouco da gordura
Da linguiça na iguaria — e mexa-se.

Que prazer mais um corpo pede
Após comido um tal feijão?
— Evidentemente uma rede
E um gato para passar a mão...
Dever cumprido. Nunca é vã
A palavra de um poeta...— jamais!
Abraça-a, em Brillat-Savarin
O seu Vinicius de Moraes

Texto extraído do livro "Para viver um grande amor",
Livraria José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1984, pág. 97.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Falando em tempo...

Proficiência:
Oração ao tempo

Caetano Veloso


És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...

Compositor de destinos
Tambor de todos os ritmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...

Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...

Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...

De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo...

O que usaremos pra isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...

E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...

Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo...


Veja o vídeo com Caetano Veloso, clicando em: http://www.youtube.com/watch?v=PhSpjxxC31E

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Já que estamos falando em comida...

Proficiência:
Por que tem gente que come muito e não engorda?
Genes, hormônios e músculos são cúmplices desse ato de covardia - por Claudia Carmello

Atenção: este texto está recheado de informações que podem causar indigestão a quem luta contra a balança. Resumindo: ou você nasce "magro de ruim" ou, sinto muito, vai ter que malhar e fechar a boca para ficar com o peso ideal. São diferenças no metabolismo que fazem com que algumas pessoas queimem mais calorias do que a média para manter o corpo funcionando, ou depositem menos gordura no tecido adiposo. "Assim como os carros enchem o tanque com gasolina ou álcool e usam esses combustíveis para rodar, nós nos abastecemos com gordura e a armazenamos, tirando dela a nossa energia", explica o endocrinologista Marcio Mancini, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade. "Daí, existem os carrões com motores potentes e grandes consumidores de combustível (esses são os ‘magros de ruim’) e os carros com motor de 1 000 cilindradas (esses são as pessoas com dificuldade para perder quilos)", completa. O que fazer para ser um Land Rover e não um Uno Mille? Bem, a chance é grande de que você já nasça como um ou como outro. Estudos com gêmeos têm mostrado que a genética contribui com nosso peso corporal em 40 a 70%. Genes da obesidade têm sido identificados, o que mostra que alguns corpos já viriam programados para gastar mais fazendo as mesmas coisas. Seguindo na analogia, se seu corpo é um 4x4, você terá direito a comer mais - ou ser abastecido mais frequentemente.E tem mais: os magros de ruim talvez sejam uma (invejada) minoria porque a seleção natural favoreceu o seu oposto, a eficiência energética. Com os grandes períodos de fome que a humanidade enfrentou, sobreviveram principalmente as pessoas poupadoras de reservas e as ávidas por comida. É isso: da próxima vez que encontrar algum magrinho mandando ver no brigadeiro, pare e pense: "Coitado, não guarda uma energia!"
Máquina de emagrecer: Conheça os fatores que favorecem os chamados "magros de ruim":
SORTE NOS GENES - Alguns genes têm sido associados a acúmulo de gordura. O mais famoso é o FTO. Um estudo alemão recente, publicado na revista Nature, mostrou que ratos que não têm o FTO nunca ficam obesos. Mesmo comendo muito e se mexendo pouco, queimam muitas calorias. Como? Quem descobrir deve ficar muito rico.
METABOLISMO ACELERADO - Para viver, é preciso ingerir diariamente um número X de calorias. Essa é a taxa metabólica basal - a base necessária para respirar, raciocinar, manter os órgãos funcionando. Algumas pessoas nascem com essa taxa basal muito alta, o que permite botar muitas calorias pra dentro, pois elas já têm uso definido.
FOME SIM, GORDURA NÃO - Um estudo da Universidade da Califórnia mostrou que a serotonina, neurotransmissor que controla a fome e a deposição de gordura, faz as duas coisas por canais distintos. Acredita-se que alguns dos comilões que não engordam têm a sinalização da fome funcionando bem, e a da deposição de gordura com alguma falha.
DISCIPLINA - Muito "magro de ruim" por aí pode ser uma farsa. Há magrinhos que comem bastante nas refeições, mas nunca fora de hora. Já alguns com excesso de peso têm almoços e jantais frugais, mas sucumbem a ataques de fome repentinos e beliscam guloseimas entre as refeições.
MÚSCULOS - Genética não é tudo. A quantidade de músculos do corpo também faz com que alguns tenham um gasto calórico maior do que outros - e, portanto, possam comer mais sem engordar. Para ter uma ideia, 1 quilo de músculo torra 80 calorias por dia simplesmente para existir, enquanto 1 quilo de gordura gasta só 5 calorias.
JUVENTUDE - Você conhece alguém em seus 50 ou 60 anos que coma muito e nunca engorde? Ou seus exemplos são sempre de jovenzinhos? Nossa massa magra diminui paulatinamente com o avançar da idade, e a quantidade de atividade física diária também costuma diminuir. Mais magros e sedentários, deveríamos comer muito menos pra manter o peso - difícil, né?

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Proficiência: Vídeo

Quer ver o vídeo com a música Gentileza, da Marisa Monte?
Clique aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=Dny57BwrNLw
Proficiência: Vídeo

Quer ver a cantora Zélia Duncan cantando "Carne e osso"?
Clique aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=a5KLGCtVx18


Proficiência:
Livro Urbano

Pintados sobre pilastras de concreto do Viaduto do Caju, às portas do Rio de Janeiro, os escritos murais do Profeta Gentileza formam um autêntico Livro Urbano, aberto à toda cidade.
Numa extensão de um quilômetro e meio, alinhados em seqüência, 56 escritos testemunham, para a população, a mensagem de um profeta inscrito no mundo contemporâneo. Essa obra, iniciada em meados dos anos 80 e concluída no início dos 90, representa a própria maturidade do relato do Profeta.
Gentileza estudou o local e escolheu previamente os temas de cada pilastra. Os escritos não estão localizados aleatoriamente, nem, tampouco, as pilastras figuram apenas como suporte para estes.
O Livro Urbano de Gentileza, como entendemos, se inscreve naquele local, demarcando um grande território. Num extremo, configurando uma região desse território situa-se a Rodoviária Novo Rio, lugar natural de chegada na cidade e onde se inicia a numeração dos seus escritos; no outro, nas imediações do Cemitério do Caju, configurando outra região, o Profeta se valeu da disposição das pilastras para criar um autêntico portal de chegada ao Rio de Janeiro.
A pilastra numero 1, VVVERDE e VIDA BEM VINDO AO RIO, situa-se no entroncamento das avenidas Francisco Bicalho e Rodrigues Alves. Essa pilastra foi assim numerada, não por ser a primeira de uma seqüência em fila, mas por situar-se, exatamente, num ponto (nó) para onde os olhares convergem no extremo de chegada próximo à Rodoviária. No outro extremo, sobre a pilastra 55, Gentileza escreve - MEUS FILHOS NOSSA CABEÇA NOSSO MESTRE O e MUNDO e UMA ESCOLA AMORRR - marcando outro início de seu território/livro.
O teor desse Livro feito sobre concreto, e o fato deste marcar os primeiros ensinamentos que as pessoas deveriam adquirir e guardar, nos trazem também a idéia de uma cartilha. Gentileza criou, com sua mensagem, uma cartilha dos preceitos básicos de sua filosofia popular, de sua religiosidade e visão de mundo. O conteúdo básico de sua pregação se encontra ali decalcado sobre as pilastras do viaduto, tábuas de seus ensinamentos. Seguindo a pilastra 55, o transeunte se depara com a escolha primeira do ensinamento ético do Profeta: ou GENTILEZA ou FAVOR, ou agradecimento (AGRADECIDO) ou obrigação (OBRIGADO). É este o conteúdo das pilastras 54, 51, 49, 48, 47 e 46. O caráter territorial da obra do profeta ganha aqui toda ênfase: os temas da Gentileza e do Favor, do Agradecido e do Obrigado são lançados em pilastras que sustentam, de cada lado, os pórticos de entrada deste território. A escolha implica em libertar-se na adesão à gentileza e ao agradecimento ou em escravizar-se no favor e na obrigação, vínculos do CAPETA CAPITAL.
O final dos anos oitenta e início dos noventa marcaram a consagração da obra de Gentileza. Seus escritos, ali colocados, criavam percepções e perguntas: quem os teria feito e por quê? Outra parte da população, que transitava diariamente pelo Caju, acostumou-se a ver Gentileza trabalhando sozinho, diariamente, sobre uma escada apoiada à pilastra.
Gentileza estabeleceu um vínculo afetivo com toda aquela região, entre o Caju e a Rodoviária. Esses laços estenderam-se, também, às pessoas que lhe acenavam e o reconheciam como um símbolo de abnegação e generosidade.
Concluída a obra, o alcance da sua inscrição territorial sobre a cidade, torna-se impressionante. Como slides diurnos, seus escritos passam a constituir a maior manifestação de arte mural pública de caráter espontâneo no Rio de Janeiro. Sua nova atitude - de escriba da cidade - reaviva sua figura lendária e mitológica.
Os escritos do Caju representam a obstinação e o desejo de um Profeta em fazer perenizar o seu verbo. A solução, por ele encontrada, mostra a agudeza de seu senso estético. Pilastras de sustentação de um viaduto, aparecem-lhe como tábuas de ensinamentos na cidade. Esta apropriação da paisagem, levada adiante nos seus escritos, marca, profundamente, uma mudança na apreensão da imagem daquele local. A partir de sua intervenção, seu Livro Urbano torna-se a própria referência daquele território da cidade.

Fonte: "Brasil Tempo de Gentileza" - Leonardo Guelman

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Dando início ao blog...

Olá, pessoal!

Esta é a minha primeira postagem do ano!

Espero poder compartilhar com vocês informações sobre o Brasil, a língua portuguesa e a cultura brasileira em geral!
O objetivo é ter um espaço para trocar ideias livremente e acrescentar outros materiais sobre os assuntos que estamos vendo em aula.
Beijo pra vocês e espero que seja interessante dar uma passadinha por aqui!

Adriana